Nesse post, como complemento dos
postulados de Steinitz já estudados em artigo anterior ... trazemos na prática
exemplos da avaliação posicional feita por grandes nomes do xadrez, mas primeiro
vamos entender um pouco mais a respeito do Plano Estratégico:
Todos os exercícios e materiais didáticos estão disponíveis gratuitamente em nosso site. No entanto, para manter nosso site, bem como desenvolver tais materiais, utilizamos diversos recursos próprios e financeiros. Assim, se apreciar nossos materiais e quiser nos ajudar, aceitamos doações de qualquer quantia para continuarmos nosso trabalho e desenvolver ainda mais materiais.
Todo jogador que busca a própria superação
enxadrística deve construir o hábito de pensar em função de planos
estratégicos. Ao obter cada vez mais experiência prática e conhecer as melhores
criações dos grandes mestres da história (por isso a importância do estudo dos
clássicos e dos mestres atuais), o jogador aprende a relacionar os movimentos
entre si e alcança o êxito de suas próprias jogadas e partidas não saiam de uma
maneira qualquer e independente, mas sim por meio de princípios gerais que as
guiam, isso dito em um ditado popular, é dizer que por conhecer por meio de um
estudo prévio os princípios e ideias que já circulam o enxadrista não precisa
em todas as suas partidas reinventar a roda. É importante mencionar que os
planos nunca devem ser escolhidos de uma forma qualquer, feita por uma ideia de
eu acho que esse plano é bom e sim por meio de uma análise precisa dos fatores
posicionais já estudados como a estrutura de peões, as casas débeis, a
mobilidade das peças, segurança dos reis, domínio do centro, vantagem de
espaço, vantagem material, etc.
O jogador deve enumerar diversos
planos, alguns de um largo alcance, por exemplo uma troca guiada na abertura
pensando já em como seria o final da partida devido aquela escolha, mas dentro
desse plano maior, no decorrer da partida fará outros planos a curto prazo para
concluir um plano a longo prazo. E este planejamento deve ser o fio condutor de
nossas escolhas. Como exemplo, suponhamos que um jogador avalia que tem como
melhor plano atacar o rei inimigo e com isso tem como objetivo de levar a maior
quantidade de forças até o flanco em que o rei está (plano a longo prazo). Esta
transferência será feita por meio de diversas manobras, busca de melhores casas
para suas peças, pelo bloqueio ou eliminação das peças defensoras do
adversário, entre outras coisas (planos a curto prazo).
Quais poderiam ser as condições
ideais para executar um eficiente plano estratégico?
1-Os planos devem ser
bons para si. Isto parece óbvio, mas em muitas ocasiões os jogadores perseguem
falsos objetivos que só prejudicam sua posição ao invés de melhorá-la, como
exemplo, atacam na ala errada, escolhem casas ruins com o intuito de melhorar
suas peças, avançam seus peões de forma a debilitar sua própria posição, entre
outros.
2- O plano deve ser realista e objetivo. O
jogador tem que estar seguro da sua escolha e de que suas intenções poderão ser
realizadas e que o adversário terá que ceder algo positivo a nós para tentar
evita-lo. Não podemos esquecer de buscar e também encontrar os possíveis planos
do adversário para destruí-los de acordo que construímos os nossos.
3- Devemos ser flexíveis, é importante ser consistente em nossos objetivos, mas no geral
a tendência é que nosso adversário não deixe que executemos livremente e
tentará a todo instante refutá-lo. Isto as vezes faz com que não seja possível
sempre limitarmos a um só plano ao longo da partida, e devemos muitas vezes
modifica-lo sempre que a posição mude seu caráter, por conta das
simplificações, ou das escolhas de nosso oponente.
4- Os planos devem ser
taticamente corretos. Um ponto básico no xadrez no que se refere a
imprescindível harmonia entre tática e estratégia. Em termos mais concretos e
imediatos temos: (sacrifícios, combinações, manobras ganhadoras) sempre terão prioridade sobre os fatores estratégicos mais
abstratos. Não tem sentido formular um “excelente” plano a longo prazo se o
adversário conta com uma imediata sequência decisiva de jogadas.
Emanuel Lasker - José Raúl
Capablanca San Petersburgo 1914
Analisemos a posição a seguir
pelos princípios já estabelecidos:
1) Comparação da situação
material: Existe equilíbrio de peças e peões. As brancas tem o par de cavalos
contra cavalo e bispo pretos.
2) Mobilização das peças
(controle de linhas e diagonais abertas): Aqui se aprecia una marcada
diferencia na mobilidade das peças brancas e pretas. As torres brancas ocupam a
coluna “h” e podem também dirigir-se também a coluna “a”, para penetrar na
posição rival por meio da 7ª ou 8ª filas. As torres pretas e o bispo de b7
estão passivos realizando somente funções defensivas. Já o cavalo branco de e6
ocupa uma excelente casa e o de c3 pode ficar mais ativo de forma rápida.
3) Domínio do centro (maior
espaço): As brancas tem uma clara vantagem de espaço.
4) Estrutura de peões (Casas fortes
e débeis): As pretas tem casas débeis em e6 e já aproveitada pelo poderoso
cavalo brancoe peões vulneráveis em d6 e f6. O cavalo preto pode ocupar as
casas c4 e e5, mas que não tem tanta importância na luta. Mesmo assim é difícil
que as pretas aproveitem as debilidades dos peões em b4 e e4 das brancas.
5) Segurança dos reis: O rei
branco está bem protegido em g3 e o rei das pretas parece estar com algumas
problemas pela limitação de suas possíveis casas de escape.
Por tudo considerado nestes cinco
princípios podemos concluir que as brancas conduzidas por Lasker possui uma
clara vantagem. Por isso deve atuar com a maior rapidez já que sua
superioridade pode ser colocada em risco se as pretas conseguem melhorar suas
peças por meio de Cc4-Ce5, Te7, Bc8.
Portanto, qual deve ser o plano
de jogo das brancas?
1- Ativar o cavalo de c3 ( pois é
única peça que não está suficientemente ativa)
2) Penetrar com as peças nas
casas débeis das pretas.
3) Atacar os peões débeis e o rei
preto.
Vejamos como Lasker conduziu
essas ideias e venceu ao ilustre Capablanca:
1.e5! Excelente sacrifício de peão para deixar a
casa e4 para o cavalo de c3 de onde poderá atacar os peões de d6 e f6.
1- . . ., dxe5 A captura 1...fxe5 perderia
o peão de g5 que deixaria as brancas com
dos peões passados e unidos. A jogada da partida cria outra debilidade, na casa
c5. (observe como ao longo da partida pode surgir novas debilidades que temos
de detectar para aproveitá-las ao máximo.)
2-Ce4 Cd5 3-C6c5! Bc8 As pretas sacrificam a
qualidade já que a torre não podia se mover por causa da entrada do cavalo em
d6 com xeque e ganhando o bispo. 4-Cxd7 Bxd7 5-Th7! Tf8 6-Ta1! Com seus dois últimos
movimentos Lasker ativa suas torres para lançar-se ao ataque final. 6- . . ., Rd8 7.Ta8+ Bc8 8.Cc5!
Capablanca se rende ao analisar que não teria
defesa contra as ameaças de mate a partir de 9.Ce6+, 9.Cb7+ ou
9.Td7+. Esse famoso exemplo merece ser sempre lembrado como uma das jóias clássicas.
Acompanhe também o próximo post
com o mesmo tema de Plano Estratégico jogada pelo genial Paul Morphy, um dos
jogadores analisados por Steinitz que na partida estudada e comentada derrotou
seu adversário pura e simplesmente pela melhor compreensão dos princípios
básicos do jogo posicional.
Caso deseje esse material em word
para suas aulas ou outros de nosso acervo com
temáticas variadas é só nos enviar um e-mail solicitando. Estamos sempre
prontos a ajuda-los.
Post produzido pela equipe Xadrez Batatais e protegido por direitos autorais. Imagens e informações obtidas a partir das fontes acima citadas.
Plágio é crime. Se deseja reproduzir essa postagem em seu blog/site, por favor entre em contato antes através do e-mail xadrezbatatais1@gmail.com
Todos os exercícios e materiais didáticos estão disponíveis gratuitamente em nosso site. No entanto, para manter nosso site, bem como desenvolver tais materiais, utilizamos diversos recursos próprios e financeiros. Assim, se apreciar nossos materiais e quiser nos ajudar, aceitamos doações de qualquer quantia para continuarmos nosso trabalho e desenvolver ainda mais materiais.
Postar um comentário